Associações de Almada distribuem centenas de computadores a alunos carenciados

Doações de equipamento informático continuam a crescer, mas ainda são insuficientes para suprir as necessidades em Almada, onde há pelo menos 1500 estudantes sem acesso a computador.

Na última semana houve entregas quase todos os dias. Escolas da Trafaria, Monte da Caparica e Feijó foram as primeiras a receber o material informático angariado. Até ao momento, já foram distribuídos mais de 150 computadores, que em breve vão seguir para casa dos alunos que “não estavam a conseguir desenvolver o seu trabalho letivo a partir de casa por não terem acesso a um computador”, conta ao ALMADENSE Rita Seirôco, uma das impulsionadoras do projeto.

Na base da iniciativa solidária estão três entidades almadenses: Associação Novo Mundo, Brigada do Mar e a empresa de impacto social Varina. Assim que começou a época de confinamento, motivada pelo surto de Covid-19, perceberam que havia muitos estudantes do concelho de Almada que não estavam a acompanhar as matérias. “A necessidade já estava lá, mas antes desta situação de pandemia não havia tanta noção da falta de meios informáticos dos alunos. A crise só tornou a carência mais evidente”, explica Joana Paula Silva, gerente da Varina.

Decidiram então unir esforços para tentar suprir a falta de acesso a meios informáticos dos alunos e começaram a angariar equipamento junto de parceiros e clientes com os quais tinham proximidade, apelando à responsabilidade social das empresas. As repostas não tardaram a chegar: o banco BNP Paribas cedeu os 60 primeiros computadores. Pouco depois, uma seguradora ofereceu mais 100. As doações continuam a fazer crescer o projeto, que conta também com o apoio logístico do departamento de educação da Câmara Municipal de Almada e dos Agrupamentos de Escolas do concelho.

Próximo passo é fazer recolha junto de particulares

Numa primeira fase, as associações contam angariar perto de três centenas de computadores. Mas o material ainda é insuficiente: de acordo com um levantamento feito pela Câmara Municipal de Almada, o concelho terá entre 1000 e 1500 estudantes a precisar de computador. Destes, pelo menos 500 não terá acesso a internet. Só no Agrupamento de Escolas do Miradouro de Alfazina, no Monte da Caparica, há pelo menos 200 alunos sem computador, dos quais 80 também não tem internet.

Por isso, as três entidades não pensam baixar os braços. Nas próximas semanas vão continuar a “trabalhar sinergias e tentar atrair mais entidades” para apoiar a iniciativa, garante Rita Seirôco. Depois das empresas, “o passo seguinte será alargar os pedidos de doações à comunidade em geral”, explica a responsável pela Associação Novo Mundo. Nesse sentido, preparam-se para lançar uma campanha de recolha de material informático também junto de particulares. O objetivo é que “o maior número de estudantes possa acompanhar o ensino à distância, minimizando assim o impacto do isolamento social na aprendizagem”.

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